quinta-feira, 3 de abril de 2008

Grande Depressão - parte II


trabalho para "História das Relações Internacionais"

4.2 Europa: a zona de alta pressão
4.2.1 Difícil aplicação das decisões de paz


De acordo com Saraiva (2007 p.139) as Guerras Mundiais, tanto a Primeira quanto a Segunda, foram guerras européias que acabaram envolvendo outras regiões e interesses de outros povos do globo. O acontecimento político mais chocante do período entre os dois conflitos foi o aparecimento do fascismo, foi um fato europeu que levou ao colapso dos valores e das instituições do mundo liberal e rachou a opinião das nações em todo o mundo. Esse fato foi tão extraordinário que colocou do mesmo lado, no campo de batalha, nações que se tinham como inimigas, a União Soviética, pátria da revolução, e os Estados Unidos, pátria do capitalismo.

Entre o término da Conferência de Paz e a ascensão de Adolf Hitler ao governo alemão, as relações intereuropéias passaram por ter fases: os problemas europeus entre 1920 e 1924 revelava que as decisões de Versalhes não serviriam de base para orientar a conduta dos Estados; o entendimento franco-alemão, entre 1925 e 1929, abriria novas perspectivas de atuação para a Sociedade das Nações; a crise de 1929 poria fim a essa harmonia, trazendo de volta os problemas internacionais da primeira fase e acrescentando-lhes os da depressão econômica do capitalismo. Segundo Saraiva (2007 p.139) a ordem de Versalhes era inviável para administrar, na Europa, a herança de guerra, ou seja, para garantir a aplicação dos tratados. Era uma lei dura, incompleta e insuportável para os vencidos, alem de mal defendida pelos aliados e esquecida pelos Estados Unidos.

4.2.2 A Sociedade das Nações: uma esperança fugaz

De acordo com Saraiva (2007 p.142) o pacto da Sociedade das Nações nasceu de uma idéia remota de solução pacífica de controvérsias e de cooperação internacional anexada aos tratados de paz de 1919. A sociedade compunha-se de um conselho, com membros permanentes, uma assembléia e um secretariado, alem da Corte Internacional de Justiça de Haia. Era sediada em Genebra, em 1920, mas com o recuo do Senado norte americana, ficou enfraquecida e se tornou uma sociedade exclusivamente européia.
A função da Sociedade das Nações era promover o desarmamento, a paz e a segurança mútua de seus membros. Uma tentativa de promover a segurança coletiva falhou em 1924, com o Protocolo de Genebra: a assembléia aprovou o arbitramento, ligado à segurança e ao desarmamento, que não aconteceu, e o protocolo foi abandonado. As condições imprimiam novo rumo às relações internacionais por volta de 1924-1925 eram européias e mundiais: o pacifismo da opinião pública; a mudança dos governos Franceses e Ingleses; o reconhecimento da União Soviética e sua entrada para a Sociedade das Nações; o retorno dos Estados Unidos às mesas de negociação européias; a conciliação entre a França e a Alemanha.
Entre 16 de julho e 16 de agosto de 1924, reuniu-se em Londres uma grande conferência de negociação, com as presenças de delegações importantes, de lideranças políticas e de banqueiros. Entre 5 e 16 de outubro de 1925 foi realizada a Conferência de Locarno, os tratados de Locarno deram garantias as fronteiras da Alemanha, reabilitaram-na moralmente, consideraram-na digna de ter colônias, dispuseram sobre a evacuação de seu território e admitiram sua entrada na Sociedade das Nações. A partir desse período os Estados Unidos começaram a fazer grandes investimentos na Europa, da ordem de 2,5 bilhões de dólares.

4.2.3 A crise econômica: efeitos internacionais

O período de sua origem situa-se entre 1929 e 1932, segundo Saraiva (2007 p.145) a partir dessa data todos os dados tornam-se negativos. O capitalismo desmoronou; pelo lado político, assistiu-se à descrença nas instituições do Estado liberal. Os primeiros problemas internacionais resultantes da crise sucederam-se em cadeia: o plano de federação européia, em Genebra, em 1930, foi abandonado; a junção comercial e econômica entre a Alemanha e a Áustria, fez renascer as confianças com relação a Alemanha em 1931; abalada pela crise a Alemanha suspendeu o pagamento das reparações em 1931, consequentemente a França e a Inglaterra suspenderam o pagamento das dividas aos Estados Unidos; Conferência Econômica Internacional foi um fracasso total; Conferência do Desarmamento, aberta em Genebra em 1932, vinha em ritmo lendo desde a fundação da Sociedade das Nações. Insatisfeito Hitler retirou sua delegação de conferência em 14 de outubro de 1933 e, cinco dias depois, retirou a Alemanha da Sociedade das Nações.

4.3 As novas grandes potências: União Soviética, Japão e Estados Unidos no sistema internacional

De acordo com Saraiva (2007 p.147) entre 1919 e 1933, entre a Conferência de Paz e o fracasso das Conferências Econômica Internacional e do Desarmamento, as três novas potências moviam-se por preocupações e interesses internacionais distintos dos que movimentavam os europeus. A União Soviética precisava defender a revolução do capitalismo, por isso desejava permanecer longe de um conflito externo e se consolidar. O Japão segundo Saraiva (2007 p.147) criara necessidades regionais, que eram busca de marcados para seus excedentes industriais e de fornecimentos para sua economia e sua numerosa população; mudou sua estratégia de penetração pacifica para a de penetração do tipo imperialismo. Os Estados Unidos tinham duas orientações externas: a econômica , que protegia seu mercado; e a de segurança.

4.3.1 Desativar a herança de guerra

Segundo Saraiva (2007 p.150) rejeitado o Tratado de Paz e a adesão à liga, concluis-se, em 1921, a paz em separado com a Alemanha e, em 1923, terminou-se a retirada de forças.

4.5 Convergindo para o conflito mundial (1933-1939)
4.5.1 Ditaduras e democracias toleram-se

A ascensão de Adolf Hitler ao governo alemão, em janeiro de 1933, não foi percebida pelos outros Estados. Segundo Saraiva (2007 p.156) Hitler trouxe um nacionalismo ardente e uma nova concepção de relações internacionais que rejeitava a igualdade dos povos e pretendia dominar, e tinha um plano para tal fim, que incluía rearmamento e anexação de territórios. Em 1934, as ditaduras dominavam a Europa Central e a Europa Oriental. O ditador encarnava a nação, Hitler, Mussolini e Stalin, por exemplo, e apelavam à propaganda de Estado.
Os regimes ditatoriais usavam poderosos meios para controlar a opinião das massas, contra a democracia se necessário. As democracias também conferiam muita importância à opinião pública, tanto mais que percebiam a conveniência de formular uma diplomacia antifascista. A opinião pública das democracias era, um fator de apaziguamento da política internacional e dificultava aos governos tomar decisões para frear a violência e a expansão das ditaduras.

4.5.2 A escalada da violência

Desde que retirou da Conferência do Desarmamento e da Sociedade das Nações, os objetivos imediatos de Hitler eram negociar bilateralmente o desarmamento e contemporizar a leste, aclamando o temor e a hostilidade soviéticos e isolando a França da região. A essas iniciativas a França reagiu com medidas de aproximação da União Soviética, que trouxe para a Sociedade das Nações, propondo um pacto geral sobre o leste europeu, que não vingou.
Em 1935, o passo esteve primeiramente com uma complexa frente antinazista, três acordos internacionais ensaiaram um cerco à Alemanha: na Conferência de Stresa, compuseram uma frente comum que não aceitava a denuncia unilateral dos tratados; a França e a União Soviética firmaram uma aliança bilateral; a União Soviética e a Tchecoslováquia contraíram uma aliança similar.
De acordo com Saraiva (2007 p.167) a guerra européia foi desencadeada pelos ataques à Polônia em setembro de 1939 e justapunha-se à guerra na Ásia, movida pelo Japão contra a China. As duas guerras regionais evoluíram para guerra mundial em 1941, quando os exércitos alemães invadiram a União Soviética e a invasão japonesa bombardeou a base norte-americana de Pearl Harbor.

Fonte: História das Relações Internacionais Contemporâneas (J.F.Saraiva)

Grande Depressão - parte I

trabalho para "História das Relações Internacionais"
Capitulo 4 (História das Relações Internacionais Contemporâneas)

O período entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais não tiveram uma expressão uniforme forjada por analistas, como “bipolaridade” ou “guerra fria”. Segundo Saraiva (2007, p.131) a preocupação em qualificar esse período esta presente nas interpretações de conjunto e na convergência de idéias nas expressões dos historiadores: um período de “paz ilusória” ou “paz frustrada”, uma “era da catástrofe” para Eric Hobsbawm. A paz de Versalhes foi a causadora de Segunda Guerra Mundial? Essa “paz” foi destruída pela depressão dos anos 1930 ou pela ascensão dos fascismos? Na verdade é que a regulamentação da paz destruiu o sistema de equilíbrio e gerou um período de instabilidade nas relações internacionais.

4.1 A regulamentação da paz e as falhas da ordem
4.1.1 A Conferência de Paz: decisões inadequadas


A Conferência de Paz, 18 de janeiro de 1919, segundo Saraiva (2007, p.132) tinha problemas na origem: a presença das 27 nações, que haviam lutado contra a Alemanha e seus aliados, tornava as discussões difíceis e, por isso, criou-se um mecanismo onde os cinco grandes (Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Japão) reuniam-se para sessões úteis; pela primeira vez, os vencidos não participavam das negociações.
A Alemanha firmara o armistício de 11 de novembro a 9 de janeiro de 1918 com base em 14 pontos propostos por Woodrow Wilson, para as negociações de paz. O líder norte-americano sonhava com uma revolução nas praticas da política internacional e da diplomacia, com o intuito de inaugurar uma nova era de paz. Essa postura era apoiada por David Lloyd George, chefe do governo Inglês, que permanecia, entretanto, de ouvidos atentos a Georges Clemenceau, chefe do governo e da delegação francesa, para o casa de o projeto de Wilson falhar.
A posição de força que a França ocupava na conferência advinha de três fatores: era considerada a grande vitoriosa contra a Alemanha; saiu da guerra como principal potência militar e sediava a conferência; a fraqueza do governo da Itália e do Japão contribuía para que os franceses atuassem com desenvoltura. A França faria prevalecer , sobre os outros grandes a sua percepção de que a paz resultaria do enfraquecimento alemão e do controle de longo prazo a ser exercido sobre o seu rival. Cinco grandes tratados de paz, firmados em 1919 e 1920 (Versalhes, Saint Germain, Trianon, Neuilly e Sèvres), dispunham sobre desarmamento e segurança, delimitação de fronteiras na Europa e questões econômicas e financeiras. A todos esses tratados anexava-se o pacto da criação da Sociedade das Nações.
As decisões da Conferência de Paz introduziram uma nova divisão na Europa, opondo o grupo de países satisfeitos (França, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Polônia) ao dos países insatisfeitos (Alemanha, Áustria, Hungria, Bulgária, Turquia e Itália). Um documento alemão foi encaminhado à conferência em maio de 1919, nele, o governo alemão rejeitava o tratado, cujos termos eram considerados um Diktat. Clemenceau não aceitou a reclamação alemã e ameaçou-a com o reinício da guerra e com sua divisão em duas ( plano do Marechal Foch) caso não aceitasse o tratado nos termos definidos: impôs ao país derrotado a assinatura do tratado, a 28 de junho de 1919, na Sala dos Espelhos do palácio de Versalhes.
A reação mais surpreendente viria dos Estados Unidos; Wilson regressou um julho de 1919, sua atuação na Conferência dividiu a opinião norte-americana, que manifestou seu descontentamento nas urnas, recolocando os republicanos no poder por dez anos. Os sonhos democratas acabaram quando o Senado convenceu-se que convinha aos Estados Unidos regressar ao seu isolacionismo, rejeitando a ratificação do tratado de entrada dos Estados Unidos na Sociedade das Nações.
Houve divergências também no encaminhamento da questão colonial. À concepção norte-americana e à da Terceira Internacional de livre disposição dos povos e do exercício da autodeterminação – uma concepção anticolonialista -, os europeus opuseram-se, por meio da ordem que fizeram derivar de Versalhes, o conceito de povos “ainda incapazes de se governarem a si mesmos”, carentes de “tutela civilizatória”. Como donos da Sociedade das Nações , procederam a distribuição entre si das colônias alemã na África e na Ásia e à repartição dos despojos do Império Otomano no mundo árabe, ficando a França e a Grã-bretanha como grandes beneficiarias dessa partilha civilizatória. Os acordos de Versalhes levaram em conta interesses econômicos, estratégicos e territoriais dos vencedores, mas geraram um mundo confuso e desorientado, no qual as relações internacionais desenvolver-se-iam sob tensão. Uma de suas falhas de base era precisamente a de não considerar, nos cálculos estratégicos que a inspiravam, certas mudanças que estavam em curso na composição de forças do sistema internacional.

4.1.2 Nova situação econômica para algumas potencias

A Primeira Guerra Mundial provocou em remanejamento na posições de certas nações como potencias econômicas. Os Estados Unidos, que já eram a primeira potencia industrial em 1914, haviam de tornado, em 1919, os primeiros também como potencia comercial e financeira, dispondo de grandes estoques de ouro. Ao termino da guerra, os Estados Unidos e o Japão exportavam, respectivamente, 37% e 8% a mais, ao passo que a Inglaterra e a França registravam quedas de 33% e 14% em suas exportações. A Alemanha perdera 83% de seus haveres no exterior como reparações de guerra. Os europeus tornaram-se devedores dos Estados Unidos, invertendo-se a situação de inferioridade econômica, política e financeira. Segundo Saraiva (2007, p.136) os Estados Unidos teriam, se desejassem, o controle das relações internacionais; aumentaram sua frota de comércio, criaram bancos e conquistaram mercados da Ásia e da América Latina.
A disputa pelas fontes de energia e de matérias-primas criava zonas de tensão no Extremo Oriente, com a expansão japonesa; e, na Europa Central, a França e a Alemanha concorriam pelo carvão da Polônia e do Ruhr e também pelos minérios deste ultimo. As rivalidades pelo controle das jazidas de petróleo no Oriente Próximo eram menos importantes.

4.1.3 Novas concepções e objetivos de política exterior

Apesar de uma base econômica desvantajosa, a Europa ainda permanecia no centro do mundo, seja em razão da recusa norte-americana de ratificar os tratados de paz e de aderir à Sociedade das Nações, seja em razão dos litígios territoriais entre países satisfeitos e descontentes com as fronteiras fixadas ou, ainda, em razão da preponderância francesa que animava a rivalidade com a Alemanha.
Reunidos em Moscou, em março de 1919, os bolchevistas fundaram a Terceira Internacional com instrumento para inflamar a Europa e fazer a revolução mundial do proletariado. Era uma resposta às pressões que advinham do apoio capitalista aos exércitos brancos que combatiam a revolução comunista na Rússia. O pós-guerra era favorável aos objetivos originais da Terceira Internacional. Uma revolução socialista eclodiu na Alemanha em 1918, quando caiu a monarquia e implantou-se a republica. Tanto nesse país quanto na Hungria, onde também se criou o Partido Comunista, a revolução foi esmagada pela reação em apenas um ano. Contudo, o contagio despertava, em 1919, agitações operarias na Áustria, Inglaterra, Itália e França, como uma onda revolucionaria que acabou sufocada no Ocidente, dando lugar a algumas ditaduras abtibolchevistas no leste (Polônia, Áustria, Paises Bálticos, Bulgária etc.). Na Itália, triunfaria o fascismo em 1922.
Apesar da vitória do liberalismo e da democracia sobre os impérios e as monarquias autoritárias, os nacionalismos cresceram com a guerra e ela também o germe do comunismo, do socialismo, do pacifismo e do fascismo. De acordo com Saraiva (2007 p.138) este ultimo, produto indireto da guerra, resultado dos descontentamentos deixados por ela na Itália, faria a ponte entre a primeira e a segunda conflagração global, passando pelas fases do fascismo de humilhação, de sedutor do grande capital, do fascismo legalmente instalado no poder e reconstrutor do Estado autoritário e, finalmente, disposto a implantar pela guerra uma nova ordem internacional.
Essas mudanças nas forças profundas pesavam sobre as decisões e diferenciavam as potencias entre as que impunham sua existência entre as nações e aquelas, as grandes potencias, que podiam, alem de impô-las, cuidar da própria segurança ante as outras, essas ultimas eram: Inglaterra, Alemanha, França, Rússia, Itália, Estados Unidos e Japão.

Fonte: História das Relações Internacionais Contemporâneas (J.F.Saraiva)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Causas de um conflito - parte II

trabalho para "história das relações internacionais"
A realização plena da hegemonia européia no mundo: o novo imperialismo

A retomada das colônias por parte das grandes potências, foi uma crise marcante do período de 1871 a 1914. Até 1876 a Inglaterra e a Rússia eram as únicas potencias coloniais de expressão, mas por volta de 1900, a França, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, assim como o Japão e os Estados Unidos tinham entrado no grupo das potencias coloniais, o território sob domínio colonial alcançou cerca de 70 milhões de quilometro quadrados.
Segundo Saraiva (2007) as atividades imperiais dividem-se em dois períodos: até 1890 o interesse colonial europeu não gerava tensões, mas servia de segurança enquanto existisse território a ser dividido; a partir de 1890 o mundo já estava dividido e as tensões coloniais aumentavam dentro e fora da Europa.

A partilha da África

A partilha da África entre as potências européias foi o fenômeno mais espetacular e mais incompreensível do novo imperialismo. O continente africano esteve esquecido e marginalizado no cenário mundial durante quase todo século XIX, e num ataque desenfreado, os Estados e os Europeus dividiram entre si, em 1876, quase a totalidade do continente. Essa corrida colonial pela África começou em 1876, com iniciativas francesas de expansão para o interior do continente africano, a Inglaterra usou Portugal com defensor dos seus interesses e tomou as antigas reivindicações territoriais portuguesas na África em troca de garantias de livre comércio. Isso ocasionou na oposição das outras potências européias, principalmente a Alemanha.
A conferencia de Berlim realizou-se como conseqüência direta dos conflitos na partilha da África, Bismarck apresentou-se como mediador, mas, tinha propósito de tirar proveito para sua política. O objetivo da conferencia não era decidir a partilha da áfrica, mas a manutenção do livre comercio nas regiões disputadas na bacio do Congo pela França, por Portugal, pela Bélgica e pela Inglaterra. A conferencia de Berlim causou dramática intensificação da partilha da África, a ocupação sistemática pelos colonizadores que empurravam as fronteiras cada vez mais para o interior e a descoberta de diamantes e grandes jazidas de ouro.

O imperialismo formal e o informal na Ásia

O imperialismo na Ásia combinou as características do imperialismo na África (extensas conquistas) e da América Latina (influencia informal). A Índia foi o coração do império inglês na Ásia, enquanto a França voltou-se para a Indochina ( Vietnã, Laos, Camboja). Os Estados Unidos apareceram pela primeira vez como potencia colonial, o Japão voltou-se contra a China e a Rússia como potencia de protetorado da Coréia.

O início do imperialismo americano

Enquanto os Estados europeus tinham uma certa tradição imperial, o imperialismo foi um fenômeno novo para os Estados Unidos, apesar da influencia financeira e informal na América Latina, os Estados Unidos até então, eram antiimperialistas.
O imperialismo americano agia em três frentes. Na América Central tinha como objetivo criar um “mediterrâneo americano” essa política ganhou força com a construção do canal do Panamá, em 1902. Na América do Sul, a Doutrina Monroe foi usada como instrumento de defesa dos interesses norte-americanos contra a concorrência européia e ocultar intervenções norte-americanas na política interna dos Estados latino-americanos independentes.
A terceira frente estava na Ásia Oriental e no Pacífico. A conquista das Filipinas, a ocupação de Wake e Guam, e também a anexação do Havaí , o interesse real dos Estados Unidos não era formar um império colonial, mas sim formar novos mercados consumidores.

O surgimento da bipolaridade na Europa e a Primeiro Guerra Mundial (1890-1914)

A polarização das principais potências em dois blocos de poder antagônico é a característica dominante das relações internacionais depois de 1890. Com a aliança da Rússia a França superou sou isolamento diplomático. A política externa alemã que era considerada ameaçadora, levou a Inglaterra a uma aproximação com a França e a Rússia, então em 1907 os futuros adversários na Primeira Guerra Mundial estavam em dois blocos opostos: a Tríplice Aliança, reunida desde 1882 e a Tríplice Entente.
A Tríplice Entente tinham uma causa comum: o temor da política externa alemã, considerada muito agressiva e ameaçadora, os tratados da Tríplice Entente eram de naturaza defensiva. Do Lado alemão eles foram vistos como um cerco de potencias inimigas que se fecharia cada vez mais em torno da Alemanha. Em julho de 1914, na tentativa de superar esse cerco, os alemães, levaram a Europa, que se encontrava em uma situação de não manter a paz, à Primeira Guerra Mundial.

Crises e alianças (1890-1914)

A saída de Bismarck do poder é interpretada como uma virada decisiva nas relações internacionais dos Estados europeus, apesar das diferenças entre a política conservadora de Bismarck e da política agressiva de Guilherme, identificam-se elementos marcantes de continuidade entre os períodos. O “novo rumo” da política alemã representava a continuação da política continental de segurança, porém com a tentativa de ganhar a Inglaterra como nova parceira. Caprivi o novo chanceler alemão fechou diversos acordos comerciais com diversos Estados, em vez de focalizar a ruptura causada pela queda de Bismarck em 1890, os anos entre 1887 e 1898 foram anos da transição da política externa alemã. Nesses dez anos formou-se o antagonismo teuto-russo, que marcou como elemento-chave a nova inserção da Alemanha no sistema internacional. Com a inauguração em 1897 do programa de construção naval, apresentou-se a segunda peça-chave do surgimento da bipolaridade entre Alemanha e Inglaterra.
Segundo Saraiva (2007) com a aliança franco-russa formada, criou a possibilidade temida pela Alemanha, de uma guerra em duas frentes, então os alemães elaboraram o Plano de Schlieffen, que pregava decisões militares e políticas. O novo chanceler alemão procurava uma aproximação com a Inglaterra e uma reaproximação com a Rússia, mas não obteve êxito, a Inglaterra sentiu-se ameaçada com o programa de construção naval alemã, e respondeu militarmente, com a intensificação da produção de armamentos e, diplomaticamente, com a aproximação com a França e a Rússia. Após dez anos a política alemã tinha se autoisolado.
A partir de 1908, com a rejeição da política alemã, uma serie de conflitos internacionais eclodiram. A crise da anexação da Bósnia e da Herzagovina pela Áustria-Hungria, o acirramento entre os blocos, devido a vitória da Alemanha. A segunda crise marroquina, em 1911, acirrou ainda mais a crise na Europa com o recuo alemão. Essas tenções e conflitos se agravaram dramaticamente depois de 1911, e deram origem a crise de 1914 e a Primeira Guerra Mundial.

A crise de julho de 1914 e a deflagração da Primeira Guerra Mundial

No dia 28 de julho de 1914, o herdeiro do trono austríaco, Franz Ferdinand, foi assassinado por um terrorista bósnio em Sarajevo, capital da Bósnia. A Áustria quis usar o atentado para atacar militarmente a Sérvia, mas a Áustria dependia totalmente da Alemanha, porque em um ataque a Sérvia ocorreria a intervenção russa. No dia 5 de julho, imperador alemão, enviou uma carta à Áustria declarando o apóio incondicional, Em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, e a partir daí os mecanismos das alianças foram ativados transformando uma guerra local em uma guerra continental. A Alemanha declarou guerra à Rússia e depois a França, e em 1917 a participação dos Estados Unidos e a de outros países deram à guerra proporções mundiais.
A esperança alemã de uma rápida vitória contra a França se abalou depois de varias batalhas e perdas elevadas, o que fez parar o avanço alemão, transformando a guerra em uma guerra de trincheiras, onde ocorreram terríveis perdas de ambos os lados. Na frente do leste prevalecia a guerra de movimento e a Rússia sofreu grandes derrotas contra os alemães, até que em 1917 a Rússia retirou seu exercito devido a Revolução Russa e assinou o tratado de paz com a Alemanha. A entrada dos Estados Unidos, em 1917, foi decisiva para o rumo da guerra, em setembro de 1918, o exercito alemão e seus aliados caíram, e a Alemanha aceitou as condições de cessar-fogo e a derrota.
Com o final da guerra a Alemanha foi obrigada a assinar o Tratado de Paz de Versalhes, que culpa o Império Alemão e os seus aliados da Primeira Guerra Mundial, declara que a Alemanha é a responsável pelas perdas humanas, de materiais e pela destruição causada pelo conflito. A Alemanha se sente injustiçada e responsabiliza a França, a Inglaterra e a Rússia pela Primeira Guerra Mundial. Não existe um consenso de quem é o verdadeiro responsável, alguns historiadores defendem a Alemanha e outros defendem a Tríplice Entente. O tratado de Versalhes foi o responsável pela subjugação alemã e uma das principais causas da Segunda Guerra Mundial.


Fonte: História das Relações Internacionais Contemporâneas (J.F Saraiva)

Causas de um conflito - parte I

trabalho para "história das relaçoes internacionais"
Tendências principais nas relações internacionais

Em 1871 é formado o Estado Alemão unificado depois que a França foi derrotada na guerra franco-prussiana, a fundação do Estado Alemão é realizado em três guerras de unificação e acompanhada de uma rápida industrialização. A Alemanha se transformou em uma potência continental, entre 1871 e 1914 a Alemanha teve uma influencia muito grande sobre os paises do continente e a partir de 1987, agiu como uma potência mundial não satisfeita. A possibilidade do domínio Alemão sobre a Europa fez com que as rivalidades entre a Inglaterra, a França e a Rússia fossem colocadas de lado para uma aliança defensiva contra a Alemanha.
Com a necessidade de alianças permanentes em 1907 a Europa é dividida em dois blocos, a Tríplice Aliança que é formada pela Alemanha, Áustria Hungria, Itália e a Tríplice Entente que é formada pela França, Rússia e Inglaterra. Segundo Saraiva (2007) o contexto mundial, o período entra 1871 e 1914-1918 é caracterizado pela hegemonia global dos sistema europeu, o novo imperialismo forçou a entrada de partes do mundo que ainda estavam fora das relações econômicas e políticas da Europa, esse novo imperialismo ocorreu de forma violenta principalmente na África e na Ásia, após essa onde de expansão não havia mais vácuos de poder no mundo, os Estados Unidos e o Japão também alcançaram o status de potencia. Os Estados Unidos conseguiram em poucos anos, depois da guerra civil, a condição de grande potência industrial do mundo, mas isso só se evidenciou na Primeira Guerra Mundial. O Japão começou a partir 1860 sua transformação em uma potência industrial, com a formação de uma aliança com a Inglaterra em 1902 e a vitória da guerra com a Rússia.
Com o grande numero de paises concorrendo a hegemonia mundial o apelo a identidade nacional foi um dos elementos centrais na época, esses nacionalismos produziram grandes tensões entre os estados, como por exemplo, nos Bálcãs o iminente conflito entre Rússia e Áustria-Hungria, uma das causas da Primeira Guerra Mundial.

Economia e relações internacionais (1870-1914)

No período entre 1871 e 1914 a economia mundial sofria um grande entrelaçamento e uma nova qualidade, maior mobilidade de fatores de produção (trabalho e capital) e o aumento do comercio mundial. O domínio europeu da economia alcançou seu apogeu, entretanto, um novo pólo econômico surgia, os Estados Unidos, a economia mundial estava se tornando pluralista e a hegemonia Inglesa se enfraqueceu frente ao crescimento da Alemanha, Rússia e Estados Unidos.
O crescimento rápido da Alemanha, a estagnação da Inglaterra e o enfraquecimento da França foram em grande parte responsáveis pelo abalo do equilíbrio europeu. A Alemanha dominava o mercado com produtos inovadores (aço, produtos químicos, produção de maquinas) da segunda revolução industrial.
Segundo Saraiva (2007) o período de 1871 a 1914 caracterizou-se por uma grande competição entre as potencias industriais, os estados europeus introduziram impostos sobre as importações, e as tarifas alfandegárias tiveram grandes aumentos, esses impostos causaram uma reação conjuntural e de política interna contra a Grande Depressão, que durou de 1873 a 1990. A competição comercial entre os Estados geraram algumas guerras alfandegárias como a Guerra dos Suínos .

A Europa continental sob a diplomacia de Bismarck: crises diplomáticas e alianças (1871-1890)

As relações internacionais entre 1871 e 1890 estiveram marcadas pelas concepções políticas do chanceler Alemão Otto von Bismarck, seu objetivo era garantir a integridade do estado Alemão contra seus vizinhos principalmente os Franceses pela perda da Alsácia-Lorena. A política externa de Bismarck tinha entre seus objetivos mostrar o desinteresse do estado Alemão pelo aumento de poder para evitar alianças contra a Alemanha, Bismarck visava a paz na Europa Central. O instrumento favorito de Bismarck na diplomacia eram as alianças com o objetivo de fazer com que todas as potencias – fora a França – dependessem da Alemanha e afastadas de alianças contra a Alemanha.
A relação negativa entra a Alemanha e a França era conseqüência direta da anexação da Alsácia-Lorena pela Alemanha, no período entre 1871 e 1890, as tenções na Europa eram decorrentes das relações negativas entre a Alemanha e a França e dos conflitos de interesses russos, e também as confusões coloniais entre a Inglaterra, a França e a Rússia.
O sistema de alianças de Bismarck se formou em reação às três crises diplomáticas nas conflituosas regiões da Europa: a crise da “guerra à vista” de 1875, a grande crise do Oriente de 1875-78 e a crise da Bulgária e de Boulanger de 1885-1887. Os principais acordos e alianças de Bismarck são divididos em três períodos (sistemas de Bismarck): primeiro sistema foi o Tratado dos três imperadores, entre a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia – um acordo fraco e muito vago; O segundo sistema como reação aos conflitos nos Bálcãs entre a Rússia e a Áutria-Hungria e o crescente distanciamento da Rússia em relação à Alemanha, o principal elemento desse sistema era a aliança entre à Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália; a crise da Bulgária agravou os conflitos entre a Rússia e a Áustria-Hungria e encerrou o tratado dos três imperadores, Bismarck reagiu e formou a Tríplice Aliança e os dois acordos do mediterrâneo.
A partir de 1885, o sistema de alianças de Bismarck entrou em crise, beirando o colapso. Na França, o general Boulanger, liderava as tendências nacionalistas para uma revanche armada contra a Alemanha, que resultou tanto no lado francês como no lado alemão excesso de nacionalismo radical. Ao mesmo tempo a crise da Bulgária aumentou ainda mais as rivalidades entre Rússia e Áustria-Hungria possibilitando a aproximação entre Rússia e França.



Fonte: História das Relações Internacionais comtemporâneas (J.F Saraiva)