quinta-feira, 3 de abril de 2008

Grande Depressão - parte II


trabalho para "História das Relações Internacionais"

4.2 Europa: a zona de alta pressão
4.2.1 Difícil aplicação das decisões de paz


De acordo com Saraiva (2007 p.139) as Guerras Mundiais, tanto a Primeira quanto a Segunda, foram guerras européias que acabaram envolvendo outras regiões e interesses de outros povos do globo. O acontecimento político mais chocante do período entre os dois conflitos foi o aparecimento do fascismo, foi um fato europeu que levou ao colapso dos valores e das instituições do mundo liberal e rachou a opinião das nações em todo o mundo. Esse fato foi tão extraordinário que colocou do mesmo lado, no campo de batalha, nações que se tinham como inimigas, a União Soviética, pátria da revolução, e os Estados Unidos, pátria do capitalismo.

Entre o término da Conferência de Paz e a ascensão de Adolf Hitler ao governo alemão, as relações intereuropéias passaram por ter fases: os problemas europeus entre 1920 e 1924 revelava que as decisões de Versalhes não serviriam de base para orientar a conduta dos Estados; o entendimento franco-alemão, entre 1925 e 1929, abriria novas perspectivas de atuação para a Sociedade das Nações; a crise de 1929 poria fim a essa harmonia, trazendo de volta os problemas internacionais da primeira fase e acrescentando-lhes os da depressão econômica do capitalismo. Segundo Saraiva (2007 p.139) a ordem de Versalhes era inviável para administrar, na Europa, a herança de guerra, ou seja, para garantir a aplicação dos tratados. Era uma lei dura, incompleta e insuportável para os vencidos, alem de mal defendida pelos aliados e esquecida pelos Estados Unidos.

4.2.2 A Sociedade das Nações: uma esperança fugaz

De acordo com Saraiva (2007 p.142) o pacto da Sociedade das Nações nasceu de uma idéia remota de solução pacífica de controvérsias e de cooperação internacional anexada aos tratados de paz de 1919. A sociedade compunha-se de um conselho, com membros permanentes, uma assembléia e um secretariado, alem da Corte Internacional de Justiça de Haia. Era sediada em Genebra, em 1920, mas com o recuo do Senado norte americana, ficou enfraquecida e se tornou uma sociedade exclusivamente européia.
A função da Sociedade das Nações era promover o desarmamento, a paz e a segurança mútua de seus membros. Uma tentativa de promover a segurança coletiva falhou em 1924, com o Protocolo de Genebra: a assembléia aprovou o arbitramento, ligado à segurança e ao desarmamento, que não aconteceu, e o protocolo foi abandonado. As condições imprimiam novo rumo às relações internacionais por volta de 1924-1925 eram européias e mundiais: o pacifismo da opinião pública; a mudança dos governos Franceses e Ingleses; o reconhecimento da União Soviética e sua entrada para a Sociedade das Nações; o retorno dos Estados Unidos às mesas de negociação européias; a conciliação entre a França e a Alemanha.
Entre 16 de julho e 16 de agosto de 1924, reuniu-se em Londres uma grande conferência de negociação, com as presenças de delegações importantes, de lideranças políticas e de banqueiros. Entre 5 e 16 de outubro de 1925 foi realizada a Conferência de Locarno, os tratados de Locarno deram garantias as fronteiras da Alemanha, reabilitaram-na moralmente, consideraram-na digna de ter colônias, dispuseram sobre a evacuação de seu território e admitiram sua entrada na Sociedade das Nações. A partir desse período os Estados Unidos começaram a fazer grandes investimentos na Europa, da ordem de 2,5 bilhões de dólares.

4.2.3 A crise econômica: efeitos internacionais

O período de sua origem situa-se entre 1929 e 1932, segundo Saraiva (2007 p.145) a partir dessa data todos os dados tornam-se negativos. O capitalismo desmoronou; pelo lado político, assistiu-se à descrença nas instituições do Estado liberal. Os primeiros problemas internacionais resultantes da crise sucederam-se em cadeia: o plano de federação européia, em Genebra, em 1930, foi abandonado; a junção comercial e econômica entre a Alemanha e a Áustria, fez renascer as confianças com relação a Alemanha em 1931; abalada pela crise a Alemanha suspendeu o pagamento das reparações em 1931, consequentemente a França e a Inglaterra suspenderam o pagamento das dividas aos Estados Unidos; Conferência Econômica Internacional foi um fracasso total; Conferência do Desarmamento, aberta em Genebra em 1932, vinha em ritmo lendo desde a fundação da Sociedade das Nações. Insatisfeito Hitler retirou sua delegação de conferência em 14 de outubro de 1933 e, cinco dias depois, retirou a Alemanha da Sociedade das Nações.

4.3 As novas grandes potências: União Soviética, Japão e Estados Unidos no sistema internacional

De acordo com Saraiva (2007 p.147) entre 1919 e 1933, entre a Conferência de Paz e o fracasso das Conferências Econômica Internacional e do Desarmamento, as três novas potências moviam-se por preocupações e interesses internacionais distintos dos que movimentavam os europeus. A União Soviética precisava defender a revolução do capitalismo, por isso desejava permanecer longe de um conflito externo e se consolidar. O Japão segundo Saraiva (2007 p.147) criara necessidades regionais, que eram busca de marcados para seus excedentes industriais e de fornecimentos para sua economia e sua numerosa população; mudou sua estratégia de penetração pacifica para a de penetração do tipo imperialismo. Os Estados Unidos tinham duas orientações externas: a econômica , que protegia seu mercado; e a de segurança.

4.3.1 Desativar a herança de guerra

Segundo Saraiva (2007 p.150) rejeitado o Tratado de Paz e a adesão à liga, concluis-se, em 1921, a paz em separado com a Alemanha e, em 1923, terminou-se a retirada de forças.

4.5 Convergindo para o conflito mundial (1933-1939)
4.5.1 Ditaduras e democracias toleram-se

A ascensão de Adolf Hitler ao governo alemão, em janeiro de 1933, não foi percebida pelos outros Estados. Segundo Saraiva (2007 p.156) Hitler trouxe um nacionalismo ardente e uma nova concepção de relações internacionais que rejeitava a igualdade dos povos e pretendia dominar, e tinha um plano para tal fim, que incluía rearmamento e anexação de territórios. Em 1934, as ditaduras dominavam a Europa Central e a Europa Oriental. O ditador encarnava a nação, Hitler, Mussolini e Stalin, por exemplo, e apelavam à propaganda de Estado.
Os regimes ditatoriais usavam poderosos meios para controlar a opinião das massas, contra a democracia se necessário. As democracias também conferiam muita importância à opinião pública, tanto mais que percebiam a conveniência de formular uma diplomacia antifascista. A opinião pública das democracias era, um fator de apaziguamento da política internacional e dificultava aos governos tomar decisões para frear a violência e a expansão das ditaduras.

4.5.2 A escalada da violência

Desde que retirou da Conferência do Desarmamento e da Sociedade das Nações, os objetivos imediatos de Hitler eram negociar bilateralmente o desarmamento e contemporizar a leste, aclamando o temor e a hostilidade soviéticos e isolando a França da região. A essas iniciativas a França reagiu com medidas de aproximação da União Soviética, que trouxe para a Sociedade das Nações, propondo um pacto geral sobre o leste europeu, que não vingou.
Em 1935, o passo esteve primeiramente com uma complexa frente antinazista, três acordos internacionais ensaiaram um cerco à Alemanha: na Conferência de Stresa, compuseram uma frente comum que não aceitava a denuncia unilateral dos tratados; a França e a União Soviética firmaram uma aliança bilateral; a União Soviética e a Tchecoslováquia contraíram uma aliança similar.
De acordo com Saraiva (2007 p.167) a guerra européia foi desencadeada pelos ataques à Polônia em setembro de 1939 e justapunha-se à guerra na Ásia, movida pelo Japão contra a China. As duas guerras regionais evoluíram para guerra mundial em 1941, quando os exércitos alemães invadiram a União Soviética e a invasão japonesa bombardeou a base norte-americana de Pearl Harbor.

Fonte: História das Relações Internacionais Contemporâneas (J.F.Saraiva)

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