quarta-feira, 5 de março de 2008

Causas de um conflito - parte II

trabalho para "história das relações internacionais"
A realização plena da hegemonia européia no mundo: o novo imperialismo

A retomada das colônias por parte das grandes potências, foi uma crise marcante do período de 1871 a 1914. Até 1876 a Inglaterra e a Rússia eram as únicas potencias coloniais de expressão, mas por volta de 1900, a França, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, assim como o Japão e os Estados Unidos tinham entrado no grupo das potencias coloniais, o território sob domínio colonial alcançou cerca de 70 milhões de quilometro quadrados.
Segundo Saraiva (2007) as atividades imperiais dividem-se em dois períodos: até 1890 o interesse colonial europeu não gerava tensões, mas servia de segurança enquanto existisse território a ser dividido; a partir de 1890 o mundo já estava dividido e as tensões coloniais aumentavam dentro e fora da Europa.

A partilha da África

A partilha da África entre as potências européias foi o fenômeno mais espetacular e mais incompreensível do novo imperialismo. O continente africano esteve esquecido e marginalizado no cenário mundial durante quase todo século XIX, e num ataque desenfreado, os Estados e os Europeus dividiram entre si, em 1876, quase a totalidade do continente. Essa corrida colonial pela África começou em 1876, com iniciativas francesas de expansão para o interior do continente africano, a Inglaterra usou Portugal com defensor dos seus interesses e tomou as antigas reivindicações territoriais portuguesas na África em troca de garantias de livre comércio. Isso ocasionou na oposição das outras potências européias, principalmente a Alemanha.
A conferencia de Berlim realizou-se como conseqüência direta dos conflitos na partilha da África, Bismarck apresentou-se como mediador, mas, tinha propósito de tirar proveito para sua política. O objetivo da conferencia não era decidir a partilha da áfrica, mas a manutenção do livre comercio nas regiões disputadas na bacio do Congo pela França, por Portugal, pela Bélgica e pela Inglaterra. A conferencia de Berlim causou dramática intensificação da partilha da África, a ocupação sistemática pelos colonizadores que empurravam as fronteiras cada vez mais para o interior e a descoberta de diamantes e grandes jazidas de ouro.

O imperialismo formal e o informal na Ásia

O imperialismo na Ásia combinou as características do imperialismo na África (extensas conquistas) e da América Latina (influencia informal). A Índia foi o coração do império inglês na Ásia, enquanto a França voltou-se para a Indochina ( Vietnã, Laos, Camboja). Os Estados Unidos apareceram pela primeira vez como potencia colonial, o Japão voltou-se contra a China e a Rússia como potencia de protetorado da Coréia.

O início do imperialismo americano

Enquanto os Estados europeus tinham uma certa tradição imperial, o imperialismo foi um fenômeno novo para os Estados Unidos, apesar da influencia financeira e informal na América Latina, os Estados Unidos até então, eram antiimperialistas.
O imperialismo americano agia em três frentes. Na América Central tinha como objetivo criar um “mediterrâneo americano” essa política ganhou força com a construção do canal do Panamá, em 1902. Na América do Sul, a Doutrina Monroe foi usada como instrumento de defesa dos interesses norte-americanos contra a concorrência européia e ocultar intervenções norte-americanas na política interna dos Estados latino-americanos independentes.
A terceira frente estava na Ásia Oriental e no Pacífico. A conquista das Filipinas, a ocupação de Wake e Guam, e também a anexação do Havaí , o interesse real dos Estados Unidos não era formar um império colonial, mas sim formar novos mercados consumidores.

O surgimento da bipolaridade na Europa e a Primeiro Guerra Mundial (1890-1914)

A polarização das principais potências em dois blocos de poder antagônico é a característica dominante das relações internacionais depois de 1890. Com a aliança da Rússia a França superou sou isolamento diplomático. A política externa alemã que era considerada ameaçadora, levou a Inglaterra a uma aproximação com a França e a Rússia, então em 1907 os futuros adversários na Primeira Guerra Mundial estavam em dois blocos opostos: a Tríplice Aliança, reunida desde 1882 e a Tríplice Entente.
A Tríplice Entente tinham uma causa comum: o temor da política externa alemã, considerada muito agressiva e ameaçadora, os tratados da Tríplice Entente eram de naturaza defensiva. Do Lado alemão eles foram vistos como um cerco de potencias inimigas que se fecharia cada vez mais em torno da Alemanha. Em julho de 1914, na tentativa de superar esse cerco, os alemães, levaram a Europa, que se encontrava em uma situação de não manter a paz, à Primeira Guerra Mundial.

Crises e alianças (1890-1914)

A saída de Bismarck do poder é interpretada como uma virada decisiva nas relações internacionais dos Estados europeus, apesar das diferenças entre a política conservadora de Bismarck e da política agressiva de Guilherme, identificam-se elementos marcantes de continuidade entre os períodos. O “novo rumo” da política alemã representava a continuação da política continental de segurança, porém com a tentativa de ganhar a Inglaterra como nova parceira. Caprivi o novo chanceler alemão fechou diversos acordos comerciais com diversos Estados, em vez de focalizar a ruptura causada pela queda de Bismarck em 1890, os anos entre 1887 e 1898 foram anos da transição da política externa alemã. Nesses dez anos formou-se o antagonismo teuto-russo, que marcou como elemento-chave a nova inserção da Alemanha no sistema internacional. Com a inauguração em 1897 do programa de construção naval, apresentou-se a segunda peça-chave do surgimento da bipolaridade entre Alemanha e Inglaterra.
Segundo Saraiva (2007) com a aliança franco-russa formada, criou a possibilidade temida pela Alemanha, de uma guerra em duas frentes, então os alemães elaboraram o Plano de Schlieffen, que pregava decisões militares e políticas. O novo chanceler alemão procurava uma aproximação com a Inglaterra e uma reaproximação com a Rússia, mas não obteve êxito, a Inglaterra sentiu-se ameaçada com o programa de construção naval alemã, e respondeu militarmente, com a intensificação da produção de armamentos e, diplomaticamente, com a aproximação com a França e a Rússia. Após dez anos a política alemã tinha se autoisolado.
A partir de 1908, com a rejeição da política alemã, uma serie de conflitos internacionais eclodiram. A crise da anexação da Bósnia e da Herzagovina pela Áustria-Hungria, o acirramento entre os blocos, devido a vitória da Alemanha. A segunda crise marroquina, em 1911, acirrou ainda mais a crise na Europa com o recuo alemão. Essas tenções e conflitos se agravaram dramaticamente depois de 1911, e deram origem a crise de 1914 e a Primeira Guerra Mundial.

A crise de julho de 1914 e a deflagração da Primeira Guerra Mundial

No dia 28 de julho de 1914, o herdeiro do trono austríaco, Franz Ferdinand, foi assassinado por um terrorista bósnio em Sarajevo, capital da Bósnia. A Áustria quis usar o atentado para atacar militarmente a Sérvia, mas a Áustria dependia totalmente da Alemanha, porque em um ataque a Sérvia ocorreria a intervenção russa. No dia 5 de julho, imperador alemão, enviou uma carta à Áustria declarando o apóio incondicional, Em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, e a partir daí os mecanismos das alianças foram ativados transformando uma guerra local em uma guerra continental. A Alemanha declarou guerra à Rússia e depois a França, e em 1917 a participação dos Estados Unidos e a de outros países deram à guerra proporções mundiais.
A esperança alemã de uma rápida vitória contra a França se abalou depois de varias batalhas e perdas elevadas, o que fez parar o avanço alemão, transformando a guerra em uma guerra de trincheiras, onde ocorreram terríveis perdas de ambos os lados. Na frente do leste prevalecia a guerra de movimento e a Rússia sofreu grandes derrotas contra os alemães, até que em 1917 a Rússia retirou seu exercito devido a Revolução Russa e assinou o tratado de paz com a Alemanha. A entrada dos Estados Unidos, em 1917, foi decisiva para o rumo da guerra, em setembro de 1918, o exercito alemão e seus aliados caíram, e a Alemanha aceitou as condições de cessar-fogo e a derrota.
Com o final da guerra a Alemanha foi obrigada a assinar o Tratado de Paz de Versalhes, que culpa o Império Alemão e os seus aliados da Primeira Guerra Mundial, declara que a Alemanha é a responsável pelas perdas humanas, de materiais e pela destruição causada pelo conflito. A Alemanha se sente injustiçada e responsabiliza a França, a Inglaterra e a Rússia pela Primeira Guerra Mundial. Não existe um consenso de quem é o verdadeiro responsável, alguns historiadores defendem a Alemanha e outros defendem a Tríplice Entente. O tratado de Versalhes foi o responsável pela subjugação alemã e uma das principais causas da Segunda Guerra Mundial.


Fonte: História das Relações Internacionais Contemporâneas (J.F Saraiva)

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal...